Bruna Escreveu:Olha, não sei se concordo, mas me encanta a sua análise.
Na verdade acho que você tem razão em relação ao Orson jovem, a voz dele era mais limpa, aliás tem um ator e voice actor, Maurice LaMarche, que é um dos melhores imitadores do Orson Welles, mas ele (pelo menos na minha opinião) faz muito bem o Orson jovem, e ele inclusive foi chamado pra fazer a voz do Orson Welles (cujo "corpo" foi do Vincent D'Onofrio) em Ed Wood, um filme que eu adoro demais mesmo eu não curtindo o Johnny Depp, e na dublagem quem fez o Orson foi o Maurício Berger, embora na minha memória tivesse sido o Briggs, então ficam aí talvez duas sugestões pra uma dublagem atual de Cidadão Kane?
Aliás, eu compreendo que o Briggs curte dublar mais desenhos, pelo menos essa é a impressão que ele me passa, em geral personagens cômicos, brutamontes e caricatos em geral, e tudo no meio disso, mas eu também lembro dele fazendo filmes antigos de terror da Universal, dublando o Lon Chaney Jr na redublagem de O Lobisomem, dublou também o John Moles na redublagem do Frankenstein original de 1931, e provavelmente outros filmes que me fogem a memória, e nesses filmes e outros papéis dramáticos do Briggs eu sempre senti uma espécie de potencial que nunca exploraram muito, que é o potencial dele como ator dramático, é muito difícil achar dubladores cujo estilo seja compatível com aquela coisa dos anos 40 e 50, aquela ênfase na classe e tal, um tipo de interpretação totalmente diferente do atual, não dizendo que é melhor ou pior, mas é diferente, por isso que filmes muito muito antigos redublados tendem a soar muito esquisitos.
O Eduardo Borgerth também poderia ser uma opção no Welles jovem, consigo imaginar o Jorge Lucas no Joseph Cotten também.
Gostei das sugestões! Estava pensando em fazer uma versão paulista, mas agora que você deu a ideia, farei tanto uma paulista quanto uma carioca. Acho que ficaria legal de se comparar.
Também acho que o Briggs tem esse potencial oculto, e não só ele, como também outros dubladores sofrem dessa questão de serem muito escalados em um certo tipo de papel ou de produção, por exemplo o Francisco Júnior ou a Christiane Monteiro. Coisas da indústria, ou até mesmo por uma preferência pessoal como é aparentemente o caso do Briggs, mas que meio que prejudicam o senso comum em relação a esses profissionais. Eu lembro até hoje da primeira vez que vi (e ouvi) o Mário Monjardim fazendo um papel dramático, era uma coisa tão esquisita, tão sem sentido de início, mas depois fiquei hipnotizado com o resultado. O Monja era foda haha.