BruceDubber Escreveu:Ah, e uma coisa que eu gostaria de ter comentado quando falava sobre André Filho: acho muito ridículo ver pessoas comentando em vídeos do Guilherme Briggs como aqueles em que ele "dubla" um fantoche de estimação dele e uns em que ele imita o André Filho falando "Nossa, gente, o Guilherme Briggs devia herdar todos os papéis do André Filho".
Com todo o respeito, esse tipo de pessoa que faz valer aqueles momentos quando um dublador é abordado na rua e pedem pra ele "imitar" tal personagem. Reduzindo a dublagem, a arte de interpretar com a voz, de versionar em português brasileiro a atuação de um ator estrangeiro à "imitação".
Sim, eu sei que a maioria das pessoas que falam isso são leigas, não sabem e não entendem muito do assunto, mas é que isso não acontece só em dublagem. Não ficaram sabendo do cara que "imita o Harrison Ford" e por isso está sendo requisitado no papel de Han Solo jovem? Cara, eu acho isso patético. E o pior é que são os fãs que estão pedindo isso, gente entendida. E o pior de tudo: o cara não é lá essas coisas como ator.
Sem querer atribuir essa culpa ao Briggs e ao "imitador do Han Solo". Eles só fizeram uma brincadeira ali que acabou sendo levada à sério demais.
Sabe Bruce, eu descobri tardiamente que não adianta reclamar desse tipo de coisa, primeiro porque a gente sempre sai perdendo, porque a maioria sempre vence cara, e se maioria acha que é isso, é isso e acabou, o que a gente pode fazer é tentar fazer com que as coisas se modifiquem, e que no futuro a realidade seja mais favorável, embora não seja ideal, porque nunca vai ser, mais que seja mais justa nesse sentido, se é que vc me entende, justa no sentido do Platão mesmo.
Concordo com tudo que você colocou, aliás nada mais preciso do que tudo isso, mas se o pessoal acha isso, o que nós podemos fazer, nada. Só a experiência, só o tempo vai mostrar quem tem razão ou não, e nós somos reféns dele, eu também pensava assim a alguns anos atrás, achava por exemplo que a voz do Chaves tinha que ser alguém que tinha a voz igual à do Gastaldi, mas de que adianta o cara ter a voz se a interpretação deixa a desejar, não adianta muita coisa. O Gastaldi era um excelente ator, um talento acima da média, e ficou eternizado como a voz do Chaves no Brasil. Mas acho que nesse caso seria interessante uma solução meio-termo, uma voz que não necessariamente seja tão semelhante à do Gastaldi, mas que tenha uma interpretação que vista tão bem o papel quanto ele.
Eu sempre imitei os dubladores em casa, e pros amigos, não só dubladores, como cantores também, Caetano e Bethânia que o digam hehehe. E o pessoal me dizia, "Nossa por que vc não vira dublador?", eu não quero virar dublador, primeiro porque eu vivo muito longe do eixo Rio-São Paulo, segundo eu não sou um ator, eu não sei criar tipos, eu sei colocar as emoções, eu não tenho expressividade, eu não sei me adequar às cenas, como é que eu vou ser dublador, se eu não sei interpretar, eu consigo reproduzir algumas vozes apenas, eu não sou um ator, e não sinto que eu tenha essa vocação, eu deixo isso pro pessoal que sabe fazer essas coisas todas, eu nunca tentei nem fandublar, nem ser fandubber, quer dizer, eu não sinto que a minha vibe seja essa. Isso é de cada um, infelizmente tem um pessoal que entra na dublagem só pela grana, pra complementar a renda, e faz cada trabalho..., mas eu não sou ninguém pra julgá-los, a vida é tão difícil, e a gente tem que correr atrás mesmo pra ver se consegue um lugarzinho ao Sol, e é assim que as coisas funcionam.
Felizmente um dia André Filho passou por aqui, e nos mostrou que era sim possível alcançar um certo grau de perfeição dentro do trabalho como dublador, mas ele é uma exceção à regra. As coisas mudaram, tudo mudou, no fundo todos somos insubstituíveis em alguma coisa, mas sim, mesmo que sejamos bons em algo, seremos substituídos assim mesmo, ou por alguém que faça o nosso trabalho melhor, ou que faça pior, ou que não faça hehe. Só acho que na dublagem não precisa haver um "herdeiro", ou um "sucessor", eu acho que cada caso é um caso, e cada dublador pode substituir um outro em alguns trabalhos e não em todos, porque ninguém consegue ser igual à ninguém, como é que um cara vai pegar todos os papéis do outro, não dá.