RiddleTC Escreveu:"azar"
o cara conseguiu botar até morto pra dublar
eu tenho um conceito mto diferente de azar do que o de vocês kkkkkkkkkkkkkk
Não diria que a direção do Glauco Marques tenha sido um azar. Mas ela tem dois lados e existe um ônus no fato de ele ter pegado a série, como também existe um bônus. Eu respeito o amor que ele tem pela obra, mas amor demais as vezes cega.
De um lado, ele fez coisas maravilhosas como aquele esquema com o Antônio Moreno no Barba Branca, que deu certo e foi genial por ter dado certo (mas poderia ter dado errado, só que não deu, OK). Vou respeitar isso para sempre, porque é algo que merece. Ele também tem cuidado com alguns detalhes como risadas particulares de certos personagens, isso tem seu mérito.
Do outro, as decisões dele com o texto do anime variam do inusitado ao muito problemático. Palavrões em excesso em um anime que é no máximo juvenil, um glossário enorme de termos e frases gigantescas mantidas em japonês para agradar otakus, gírias datadas que hoje já são meio constrangedoras de escutar, que dirá daqui a 5 ou 10 anos. Eu não preciso deixar de mencionar que ele quase manteve "mugiwara" no texto da dublagem ao invés de Chapéu de Palha, o que claramente só tornaria as coisas piores. Infelizmente, em vários sentidos, a adaptação de texto da série é um desastre, e isso é atribuível ao Glauco. Ainda que parte do público mais casual até goste da forma como as coisas foram conduzidas, vide os vídeos com "pérolas da dublagem" que vez ou outra são feitos até hoje, geralmente quem defende não tem argumentos sólidos. O próprio Glauco tem como melhor argumento para defender a manutenção de coisas como "gomu gomu no amidori" e "santoryuu ougi: Hyakuhachi Pound Ho", comparando essas frases enormes e termos que são cartunescos e visuais em essência, com "Kamehameha" e "Rasengan", o que é totalmente desproporcional e refutável. "Gomu gomu no kazaguruma", golpe que o Luffy usa quando imita um cata-vento em alusão ao cata-vento no chapéu do Genzo, não é algo comparável ou equivalente a "Kamehameha", que é um raio de luz genérico de Dragon Ball que nem significado exato tem, era o nome de um Rei Havaiano que virou trocadilho com o nome do Mestre Kame.
Enquanto escalador, ele acertou mas também errou com algumas vozes. Em geral, o elenco da DPN poderia sim ter sido um pouquinho mais respeitado, o próprio Glauco saiu escalando pessoas daquela versão em outros papeis de propósito na redublagem, e há escalas que melhoraram sim, mas outras que pioraram. Mas não vou entrar em muitos detalhes sobre isso agora. Só digo que o Andreatto merecia ter sido mantido no Usopp, talvez melhor dirigido nos testes, e a Robin deveria ter sido feita por outra pessoa que não a Samira Fernandes, de preferência uma dubladora com uma idade vocal mais velha que a dela.
Enfim, eu não diria que foi um azar propriamente, azar seria cair num estúdio de fundo de quintal, mas sendo sincero e olhando hoje com frieza, acho que a dublagem de One Piece teria caído em mãos melhores com a Úrsula, o Wellington Lima, Marco Aurélio Campos ou a Alessandra Araújo dirigindo, pensando no quadro de diretores da Unidub em 2018-2019. Vale ressaltar que OP foi a primeira direção solo do Glauco em um produto realmente muito grande. Ele chegou a fazer algumas coisinhas antes, co-dirigiu alguns games com o Wendel e o Nannetti, dirigiu alguns filmes, uma coisinha aqui e outra ali... mas One Piece foi uma produção estratosfericamente maior e mais importante que qualquer coisa que ele tivesse feito antes disso, e com isso, ele começou a trabalhar na série com uma emoção de fã à flor da pele, que afetou a visão artística dele. Talvez um diretor na época mais experiente na função do que ele, que não tivesse essa mesma emoção à flor da pele, não tivesse tomado as mesmas decisões que eu mencionei acima.